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    Dois anos de DATaPort: Lições sobre os dados do setor portuário

    Em julho de 2020, a Associação de Terminais Portuários Privados - ATP lançou a sua primeira plataforma de dados do setor portuário: o DATaPort. Inicialmente conjecturado para a oferta de informações dos Terminais de Uso Privado (TUPs), o banco tinha a intenção de reunir todos os dados oficiais do setor em uma única base online. A ideia era aparentemente simples, trazer os dados fornecidos pela ANTAQ, Marinha, Receita Federal e outras entidades nacionais e internacionais para a plataforma.

    O que não se esperava era a alta carência de dados oficiais do setor portuário. Universidades, bancos, empresas especializadas em investimentos e entidades do setor público demandavam desde informações mais complexas, como o total de investimentos (realizados e futuros), até dados relativamente mais simples e que deveriam ser de fácil acesso, como a quantidade de terminais portuários privados autorizados.

    A solicitação dos dados era realizada em sua maior parte diretamente aos órgãos públicos, via e-sic (Sistema Eletrônico do Serviço de Informações ao Cidadão), e a resposta padrão recebida sempre era: “tendo em vista a quantidade de processos existentes, a tentativa de consolidação seria desproporcional”. Limites de orçamento, carência de servidores e alta demanda no serviço público são problemas regulares e velhos conhecidos. Patrick Verhoeven, Diretor da International Association of Ports and Harbors- IAPH foi certeiro ao afirmar que “o setor portuário é notório por sua falta de dados (comparáveis).

    No entanto, não conhecer e nem ter acesso aos dados reduz a velocidade dos estudos que fundamentam a vontade de investimentos, bem como parcerias e pesquisas importantes para o setor. Soluções que auxiliam no aumento da produtividade, redução de custos e identificação de futuros gargalos ou oportunidades no setor portuário, passam pelo exame e análise de dados. A urgência foi posta e a ATP abraçou a tarefa de captar, analisar e modelar os dados de todo o setor portuário e não apenas aqueles referentes aos TUP.

    O DATaPort se tornou um importante ativo da ATP e a plataforma se consolida cada vez mais como referência no setor. A Associação recebe diariamente pedidos de informações de diversas entidades públicas e privadas, tais como: BNDES, Bancos, Fundos de Investimentos, Universidade, MINFRA, ANTAQ, CONPORTOS, entidades internacionais e imprensa.

    Hoje, a plataforma já possui dados de investimentos, especificando inclusive o destino. Traz informações individuais dos terminais, como quantidade de berços, acessos, calado, e capacidades estática e dinâmica. Inclui informações históricas como a quantidade de terminais autorizados por ano e o número de anúncios públicos. Mas ainda temos muito a evoluir. Carecemos dos dados chamados “sociais”. Como os portos estão investindo no diálogo porto-cidade, na inclusão e equidade de gênero, na infraestrutura resiliente ao clima, na energia, na segurança e na ética? O discurso da importância de ações ESG está saindo do papel e se tornando parte das ações do sistema portuário. Para isso, é necessário medir o que, de fato, fazemos, e o que faremos. Precisamos de dados.

    E, para tanto, o setor portuário tem que mudar sua mentalidade. Dados não são ferramentas para aprimorar a infraestrutura, dados fazem parte do conjunto de serviços fundamentais que compõem própria infraestrutura. Com sua função estratégica, o DATaPort amplia a transparência e promove o acesso à informação para o setor portuário, para a imprensa, tomadores de decisão e para a sociedade como um todo, além de contribuir, decisivamente, para o planejamento da logística nacional.

    Murillo Barbosa é Diretor Presidente da ATP – Associação de Terminais Portuários Privados e Bárbara Rosa é Analista de Mercado da ATP – Associação de Terminais Portuários Privados.

    Artigo publicado dia 24/06/22 no jornal A Tribuna.

    Publicado em 27/06/2022
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